Por : Laerte Braga
Há
dias o País tem assistido a um esforço desesperado de velhos golpistas
(torturadores, estupradores, assassinos de 1964), aliados a grandes
empresários, banqueiros e latifundiários, para mobilizar os brasileiros
contra a corrupção.
Tentam
convocar uma nova marcha da família com Deus pela liberdade arvorados
em uma condição de salvadores da pátria, do mesmo jeito que fizeram em
1964 sob o comando do embaixador Lincoln Gordon dos EUA e do general
Vernon Walthers, ex-diretor da CIA (o governo dos EUA, em 1964 designou
um comandante militar para as forças golpistas que entre outras coisas
era amigo pessoal de Castelo Branco e falava português).
Apoiados
pela grande mídia, a mídia privada, GLOBO à frente, tecem as mentiras
de sempre, criam as ilusões que sempre criaram e tentam reduzir a
corrupção a deputados, governadores, senadores, prefeitos, até
presidente da República.
Dilma
repete o malabarismo de Lula, uma no cravo outra na ferradura. O
diapasão desse concerto petista é a bolsa família e 45% das receitas
orçamentárias para pagar juros da dívida junto a bancos privados.
A
diferença entre Dilma e Lula é que a presidente não consegue se
equilibrar sobre o fio tênue do “capitalismo a brasileira” que o
ex-presidente inventou. É menor que o cargo e ainda carrega consigo alma
de tecnocrata. Ou seja, o que vale são os números não o ser humano. Na
cabeça dessa gente numa tragédia, digamos assim, se a primeira impressão
é que morreram dez quando poderiam ter morrido vinte, houve lucro,
deixaram de morrer outros dez. Enxergam o mundo desse jeito.
No
sete de setembro a GLOBO editou as matérias sobre o Grito dos Excluídos
e a marcha das elites paulistas que tentam espalhar pelo Brasil,
jogando tudo no ar como se fosse protesto contra a corrupção. Canalhice
bem ao estilo da rede.
Nasceu
com a ditadura, apoiou a ditadura e é instrumento de interesses
estrangeiros, de banqueiros, grandes empresários e latifundiários.
Trabalhador
e professor, por exemplo, não corrompem ninguém. São ludibriados por
políticos corrompidos por banqueiros, grandes empresários e
latifundiários. Veja o caso de Minas. Quando governador do estado o
ex-presidente Itamar Franco anulou um acordo feito pelo seu antecessor,
Eduardo Azeredo – corrupto de carteirinha – que entregava a CEMIG a
grupos estrangeiros. Aécio, agora, no final de seu governo refez o
acordo e entregou a CEMIG.
A
mídia disse alguma coisa? Nada. Está no bolso. É venal. E o povo, o
trabalhador, os professores mineiros nas mãos de uma aberração política o
tal Antônio Anastasia, valet de chambre de toda essa gente, está como?
Mas Aécio comprou um apartamento de um milhão de reais no Rio de
Janeiro.
Segundo
outra aberração, Cid Gomes, “professor tem que dar aula por amor, se
acha o salários baixo que procure outra profissão”. Sogra não. O dito
leva para Paris em vôo pago pelos cofres públicos.
O
esquema de financiamento de campanhas políticas no Brasil permite que
empresas, bancos e latifundiários comprem lotes de candidatos em todos
os partidos com representação na Câmara ou no Senado através de doações.
Tornam-se proprietários lato senso desses deputados, senadores, de
governadores, prefeitos, vereadores, atingem o Judiciário e permeiam o
Executivo.
Mas e daí?
O
xis da questão não está em reformas políticas ou outras, na tentativa
de construir painéis coloridos de ilusão e manter uma realidade podre
como querem os que se voltam apenas contra os políticos no caso da
corrupção.
E quem corrompe? Para que exista um corrupto é necessário que exista um corruptor.
A
corrupção está intrinsecamente ligada ao modelo político e econômico
vigente. A reforma política tira José Sarney de cena e coloca na cadeia?
Não. Sarney serviu a ditadura militar com subserviência e de quatro
durante todo o período do regime, da mesma forma que descaradamente
emergiu – com a morte de Tancredo – como guia e condutor do processo de
reconstrução democrática.
E
o povo? A participação popular? Não tivemos uma assembléia nacional
constituinte, mas um congresso constituinte e tutelado pelos militares
que, entre outras coisas, não permitiram, como tem criado toda a sorte
de obstáculos para que sejam revelados os documentos que mostrem a
covardia diária dos golpistas/torturadores enquanto durou o regime.
Na passeata contra a corrupção em São Paulo estava um desses generais, eram visíveis bandeiras dos Estados Unidos.
Não
foi por outra razão que o pensador e parlamentar inglês Samuel Johnson
afirmou que “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.
O
que querem? Mudar os políticos? É só olhar os antigos colaboradores do
regime militar, vivos e fortes aí, exercendo mandatos e se afirmando
democratas.
O
que essa gente pretende é simples. Antônio Ermírio de Moraes compra dez
tênis adidas a vista produzidos com trabalho escravo em países
asiáticos, inclusive a China e o trabalhador compra um pagando em dez
prestações para se sentir num dado momento como Ermírio de Moraes, na
ilusão que vivemos numa democracia. O espetáculo, a “sociedade do
espetáculo”.
Ermírio
de Moraes está destruindo o Espírito Santo – o meio ambiente – com suas
empresas, o tal progresso, adoecendo um povo, com aplausos de um
ex-governador corrupto e assassino, Paulo Hartung, que de fato continua
no covil do governo (chamam de palácio), onde um contínuo chamado Renato
Casagrande faz de conta que governa.
Por
trás da tal campanha existe a sórdida mentira capitalista, pela simples
razão que os corruptos são corrompidos por eles. Não querem pagar
impostos, não querem conquistas e direitos dos trabalhadores, não querem
que o progresso seja algo comum a todos e sim privilégio deles. Querem
professor dando aula por amor.
Quando
se concede benefícios fiscais e tributários a uma grande empresa o
custo dessa concessão é pago pelos trabalhadores, pelos pequenos
empresários, pelo dinheiro que falta na saúde, na educação. É o caso da
COCA COLA que financia parte dessa campanha. Ocupa terras públicas,
através de uma empresa chamada CUTRALE, vende a idéia de progresso,
geração de empregos, compra deputados, senadores, juízes, etc para
manter as terras que repito são públicas e imputa-se a culpa aos
trabalhadores rurais sem terra, aos pequenos produtores rurais.
E
infestam a mesa do brasileiro de veneno como mostra um excelente
documentário do notável Sílvio Tendler sobre agrotóxicos e coisas que
tais. O veneno que comemos todos os dias produzido pelos compradores de
deputados, senadores. juízes e que agora protestam contra a corrupção,
biombo para disfarçar seus verdadeiros interesses.
Se
fosse para valer não haveria um banqueiro solto. Estariam todos presos.
Nem um grande empresário, ou latifundiário que até hoje se vale de
trabalho escravo.
Por
mais irônico que possa parecer, ou trágico, os que protestam contra a
corrupção e tentam transformar a corrupção emúnico mal do Brasil são os
que corrompem. E a meia dúzia de inocentes a acreditar nesse tipo de
marginal.
O
institucional está falido. O modelo está corrompido por essa gente. O
palco da luta é outro, é dos trabalhadores e é nas ruas contra a farsa
de campanhas como essa.
São velhos gatunos tentando fazer ressurgir o golpismo que é parte da genética desse tipo de gente.
Deputados, senadores e juízes corruptos, governadores, são apenas figuras execráveis e compradas que carregam em seus balaios.
Trabalhador não corrompe ninguém. Professor, que é trabalhador, não corrompe ninguém.
Quem corrompe são banqueiros, grandes empresários e latifundiários.
É simples entender isso. A corrupção é parte inseparável do modelo político e econômico que temos.
Jogar
por terra toda essa estrutura podre e construir um Brasil livre e
soberano, sem essa gente, aí sim, essa é a luta real dos brasileiros.
Não há corrupto sem corruptor.
E
por longo que fique, uma breve e real historinha. Nos idos de 2002 a
GLOBO estava enfrentando sérias dificuldades de caixa. A GLOBOPAR estava
levando o dinheiro da empresa. Tentaram 250 milhões de dólares junto a
FHC e como o ex-presidente estivesse demorando muito a liberar o
dinheiro, lançaram, inventaram, a candidatura Roseana Sarney à
presidência. Chamaram o IBOPE e suas pesquisas prontas para atender o
interesse do cliente, levaram Roseana às alturas e aí FHC chamou a turma
na conversa.
O capital da GLOBOPAR era o seguinte – 90% da GLOBO, 5% do BNDES e 5% da MICROSOFT.
Convocaram uma assembléia geral para aumento de capital de um jeito que esse aumento implicasse nos 250 milhões de dólares e aprovação da emenda constitucional que passava a permitir a presença de capital estrangeiro no setor de telecomunicações. A GLOBO não entrou com sua parte, lógico, estava inclusive ameaçada de falência, havia credores externos apertando os Marinhos, a MICROSOFT que já sabia da mutreta correu fora e o BNDES entrou com a sua parte, dinheiro dos brasileiros. O Congresso aprovou a emenda, o grupo MURDOCH comprou parte da GLOBOPAR. Na semana seguinte a Polícia Federal de FHC estourou o escritório do marido de Roseana achando um milhão de reais ilegais doados para a campanha. Tudo pronto, ficou acertado o apoio da rede a candidatura de Serra. O furo foi exclusivo da GLOBO.
E a GLOBO está na campanha contra a corrupção. Dá para entender os verdadeiros motivos desses bandidos?
A
luta é outra. É contra bandidos compradores e comprados. Se bobear essa
gente revoga a Lei Áurea e amplia os limites da escravidão contra todos
os trabalhadores. Na prática, vão fazendo isso nessa mistura de
populismo com capitalismo e campanhas imorais e amorais como essa. Jogo
de cena de bandidos para vender imagem de santos.
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